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sábado, 22 de dezembro de 2012

kangosta vellha. ode to you

 
 




Ode To You
 
 

Words Of  A Fool;
Paranoic Stethoscope with wings;
Doctor, please give me a drug,
I can’t, I can’t breeze the air.
Interstellar Galatica
Almost, in the middle, we Live here.


Tragam-nos o amor
E façam-no exibir
No palco das virtudes.
No cupido;
Imensa igreja dourada,
Animal que nos faz vibrar
No grito louco do desejo.
Sopra o vento musical
Neste nosso ser em dois desfeito,
Neste nosso ouvido de abismo
Em que se revela
Amor que nos corta o coração
A dama ou o tigre
Aquela que ninguém deseja.
E neste outro
O amor apenas se presenteia
Em interstícios de realidade
Que ausência de cor
Na sombra proporciona
Essa luz que não desejamos.
 Arquitecta a vida e não marca entrevista
Para surgir quando e menos se espera.
 
do livro "pretéritos imperfeitos" 2006 josé luis pinto
 
 

kangosta vellha. civil society


FOR SALE PARA VENDA
TITLE: CIVIL SOCIETY
OIL ON CANVAS 60X60CM 2007
 
 
 
A tela civil society, é um quadro demonstrativo da vida social, das leis impostas á nossa comunidade. o mundo em que vivemos sem leis seria portanto uma anarquia absoluta. O quadro representa algumas dessas imposições tais como; um sinal proíbitivo de transito, uma seta indicativa de direção de algo, uma campaínha, etc. Para venda contacte: jlpinto65@gmail.com, ou pelo telefone: 965244836.
 
 

kangosta vellha. window's soul

 
FOR SALE PARA VENDA
TITLE: WINDOW'S SOUL
ACRYLIC ON CANVAS 30X60CM 2012

 
 
window's soul é uma tela de índole interior, as janelas da alma. entenda como quiser. o nosso cérebro é infinitamente complexo, dramático e belo; com variantes tão abstractas e diversas. para venda, contacte: jlpinto65@gmail.com, ou pelo telefone: 965244836.
 
 

kangosta vellha. miragem

 
 




Miragem

 
Almoçamos juntos
Do lado da esplanada de cá,
Estava todo o dia por inteiro;
Aqueles inícios de tarde
Quentes parados...
Seduzia-nos aquela aragem morta
Sobre a nossa mesa
Café concluído.
No xadrez da jogada seguinte,
Montamos a cavalo sobre a brisa
Na rua das avenidas largas
Passeamos por entre candeeiros de lua.

No amarelo do sol deserto
Sossegadas na memória
As ideias claras viviam o silêncio
No pensamento distante do sonho.

 
do livro"pretéritos imperfeitos" 2006 josé luis pinto
 
 
 

kangosta vellha. um cigarro

 
 




Um Cigarro

 
 
 
Mais um cigarro
Para o cinzeiro de mim.
O fumo que se eleva
Em ondas azuis,
Crinas de cavalos alados,
Brancos-mate que se guerreiam no ar
Como soldados antigos.
 Preciso de me esconder da nicotina mortal.
Fumo e saboreio a morte deste dia;
Fumar para o azul do céu;
Aqui desta cavidade côncava,
Caverna mortal de negrume.
 
N.A. "- graças a deus deixei de fumar desde então"
 
 
do livro"pretéritos imperfeitos" 2006 josé luis pinto
 
 
 

kangosta vellha. biological forms


 
FOR SALE PARA VENDA
TITLE: BIOLOGICAL FORMS
OIL ON CANVAS 70X70CM 2009
 
 
 
biological forms, demonstra a actualidade do que o próprio nome transmite, definindo o mundo secreto da vida biológica, do adn e suas multiplas actuações na sociedade e ciência dos dias de hoje.
A sua simplicidade de caracterização actua como um valor de atribuição matemática dos meios tão complexos que estarão por detrás do conhecimento humano. Para venda contactar: jlpinto65@gmail.com, ou pelo telefone: 965244836. 
 
 

kangosta vellha. summer light study



FOR SALE PARA VENDA
TITLE: SUMMER LIGHT STUDY
OIL ON CANVAS 80X60CM 2009
 
 
 
Summer light study, foi um estudo sobre ruas de uma cidade imaginada, com seus telhados multiformes em cores saturadas de uma alegria veraneia. para venda contacte: jlpinto65@gmail.com, ou pelo telefone: 965244836
 
 

kangosta vellha. acusam-nos (querem-nos mesquinhos)

 
 




Acusam-nos (Querem-nos Mesquinhos)


 Sim fomos nós
Que mais uma vez
Subtraímos à memória
A razão de pedra
E mudamos os valores a todas as coisas.
Foste tu a causa;
O motivo-totem do vício,
Que me denuncias-te
Aos poetas das casas verdes
Que era eu durante a noite
O mais desgraçado dos sagrados-desgraçados.
Fazia a feitiçaria nas janelas bestiais
Para não poder ler
Entre as dezanove e as vinte e uma
As imagens quebradas
Que o fabuloso dinossauro
Representava no tempo.
Fica o azulejo gasto de tanto penar
A tinta no rebordo paralisada
De medo caústico-azul.


Não temos filhos
Tenros de idade
Não temos homens feitos:
Carne desvalorizada
Valores em crise
Apenas valores em crise.
Mas temos consciência fértil
( Openfield ) de campos maduros
De seara fresca
Dos anos que já passaram
E nada nos diz mais que outros
Nos transmitiram a nós.
Estamos ficando um pouco desgastados e mórbidos
Com tanta poeira
Que se vai entranhando
Pelos ouvidos-bocas-narizes
Da porcaria destas cabeças
Notícias ocas do porvir.


Ajudai-nos,
A esquecer
A saber pintar paisagens
Tu que ouves o vento
E sentes a mão de Deus amiga
Ensinai-nos o caminho a não tombar.


do livro "pretéritos imperfeitos" 2006 josé luis pinto
 
 

kangosta vellha. unicórnio, ou o cavalo do desejo. www.kangostavellha.blogspot.pt

 
 



Unicórnio Ou O Cavalo Do Desejo




São as entranhas do nosso corpo;
Quem mais nos diz?...
 As palavras da nossa Terra.
 Esta Terra segura e firme;
A tradição desta Terra
Que a garganta aperta na secura
Gemendo na ânsia do precioso liquido.
 É quando menos os rios correm
Que gritamos juntos,
Acordamos durante a noite
Do suor que o trabalho não consome.
 Eis-nos perante a nossa realidade,
Esta, a de todos nós que lutámos por sobreviver
Lutando entre a inocência e o pecado
Tentando mostrar a dignidade do nosso caminho.
 Já não lemos os livros que nos ensinaram,
Vomitamos as palavras que nos destroiem.
Tentamos nos acreditar em todos os paraísos e virtudes...


 
do livro "pretéritos imperfeitos" 2006 josé luis pinto


kangosta vellha. fiquemos apenas sonhando

 
 




Fiquemos Apenas Sonhando
 
 
Quando viajo não sinto
Esta dor que me irrita,
Provocada pela ânsia
E pela vontade de mais fazer,
De ir mais além.
 
 Temos dentro de nós um padecer ancestral,
Uma névoa talvez que nos faz mal, pessimamente mal.
É um rumo,
Ou uma prisão alta e sem guarda
Que em noites mal dormidas,
Pesa-nos no corpo do sentir que embala a Noite.
 
 Fazemos tricot em chávenas douradas;
Chás das Índias Orientais, Persas,
Ou fumamos caídos em bálsamos suaves,
Desvendando os mistérios antigos...
 
 “ ...Estes cães de agora são subtis,
Comem durante a noite dos caixotes,
Das sacas do lixo o alimento
Que deixamos apodrecer nas veias
Das estradas e caminhos;
E são vários os cães,
Uma data deles assaltam-nos a alma
E quebram-nos as horas...”
 
 Ficamos de repente vazios...
 
 E todo o imenso mundo se nos abate,
Caindo com um estrondo trepidante “ – Pum ...“
Ouvimos as engrenagens das horas
Fazerem-nos lembrar a existência da realidade
Que é só nossa e só nossa deverá ser lembrada.
Adivinhamos o seu passo (relógio)
E vivemos o pássaro na gaiola lá ao fundo da sala.
 
  “- Trago uma constipação pesada.
Hoje passei todo o dia assim...
Não me digas que também estás?...”
 “- Trazemos dentro de nós a doença que nos irá ser fatal,
Não viste hoje aquela do tal Dr.?...[1]
“- Que coisa esquisita !...
Dizem até que morreu como o outro do futebol
Aqui à uns meses atrás”[2]
“- Há constipações que vêem e se vão embora
Rapidamente de uma hora para outra...”
“- Sim, mas existem outras...,
Sim eu compreendo,
Como esta que me não larga,
Pá estou a desesperar...
Tira-me o sono, causa-me insónias;
Mas tenho tido outros problemas,
E o maior de todos é ter que fazer
Uma alimentação saudável.”
“- Pois é compreensível pá estás a ficar obeso.”
“- Vou este Verão tentar viver mais despreocupado,
É imperial que assim o faça.
Estou numa fase de fazer separações,
Balancear, pesar, tirar notas,
Ou conclusões e me demarcar de tudo e de todos...
Esverdear a minha vida azulando-a.”
 “- Hei-a pá, grande trocadilho.
Onde foste buscar isso?...”
“- Sei lá... Por acaso.
Pensa-se e já está; penso que nem penso nisso.
Deve de ser a genialidade em hora de sono,
E da escrita automática, que nos faz ser assim.”
“- Agora só te falta te transformares em nuvem!...”
“- Em nuvem?... Estás doido ou quê?
Se há coisa que não gostava de ser era nuvem.
Eu gosto mais de calma, deixa isso para os Existencialistas,
Eu sou mais progressista e renovador
De extrema verdade quer de Direita ou de Esquerda;
Me assumo pelos Direitos do Homem”.
“- É bem verdade que aqui fazemos juz
Aos princípios da Igualdade, Fraternidade, Democracia
– um claro Manifesto de verdade anti...,
Anti-anti-arte,
Anti-anti-cultura e por ai fora, estás entendendo?...”
 
“- Perfeitamente... Fiquemos apenas sonhando...”.


[1] Dr. Sousa Franco, candidato ao Parlamento Europeu.
[2] Féher, jogador do Benfica.
 
                                                     do livro "pretéritos imperfeitos" 2006 josé luis pinto