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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

kangosta vellha. morte na noite escura

 
 





Morte Na Noite Escura


I
 
A Morte ali acontecia
Sob árvores velozes
Que o deus-vento mantinha
Na melancolia.
E dizias tu que a vida era o sol-chama
Que a sombra das árvores
Mantinham o charco húmido.
As alegres rãs espreguiçavam-se
Até mais tarde
Quando o faustoso caracol
Adormecia no húmus do nosso peito
E tu vinhas mais cedo
Trazendo café pela manhã
Atravessando o rochedo
Circulando pela janela
Ou calculando o salto sobre o tigre,
Quando as almofadas despidas
Rasgavam o charco
E o seu horizonte imenso
Fazia a felicidade de todos os animais.
Tínhamos na mão o sol
Que o café aqueceu,
Aquela alegria
Que a morte aproxima
A verdade-vontade.

II

Do coração nada sabemos
Que as copas das árvores nos ensinem
Quando o verão está quase
E o grilo nos canta sob o ouvido
Que o tempo na nota certa escuta.
Estamos a ficar crescidos e fortes...
A morte se aproxima devagar e mais vagar
São os passos que o tigre
Desejou durante a manhã
No rebordo da chávena.
Mentalmente criamos tédio
Sobre o salto das rãs
Que no nanufár verde sonham
Com insectos saborosos.
São os silêncios destes bater de asas
Nos fazem sede
Daquilo que o antigo sol nos tira.
São os nossos irmãos sem regra
Que gesticulam
O nosso peito inchado de tanto bater
Caído de chapa sobre a água.
O caracol acordado
Pousado sobre o ombro do tigre
Dilacera as últimas migalhas
Que o vento transportou.
Na morte o insecto encontra finalmente um deus
Um deus menor
Que o do caracol ou do tigre
Mas está morto.

III

 Do alto desta janela
A vida é mais segura para o tigre.
O caracol teima em não chegar até ao fim do dia.
Mas chega rápido noite
E alonga o lago até ao arvoredo.
Deslizando por sobre a erva um manto severo
A noite muda os seres
O cérebro do tigre gira para dentro
A vida pára, transforma-se...
A estátua de gelo,
Múmia translúcida.
A pirâmide que não foi esquecida
Pelo regresso em seu olhar,
Aqui quieto rolando
Sem expressão linear
Os próximos pensamentos virão
Por mão do caminho que traçamos os dois.

 Do arvoredo tu saltas e comigo jantas.
 
do livro " pretéritos imperfeitos" 2006 de josé luis pinto
 
  

kangosta vellha. drama

 
 

 
Drama



 Não tememos a pintura!...
Não tememos uma óptima crítica!
Tememos a psique dos insensíveis.
O que é Belo!?... O que é Sublime!?...
Construamos a partir dos nossos sentimentos
As Catedrais da nossa realidade.

Sem impedimentos nostálgicos,
A imagem não precisa de interlocutor
Ou de uma compreensão verbal
Ela é a própria realidade
Que se confronta a si mesma
Com o espectador.
 
Belo é o nosso sentimento
Pela evidência
Do que é real
E concreto,
Sem muletas
Ou memórias
Com imagens antiquadas,
Lendas ou mitos.
Reafirmar o desejo natural
Pelas emoções absolutas
Isso sim
É Sublime...

A tragédia da existência
Torna a realidade objectiva da vida
Uma aparição,
À interpretação do seu sentido
Reduzida apenas a uma ressonância da expressão.

 A nossa realidade do trabalho,
Emerge explosiva,
A sua eterna presença
E o seu sentido mais oculto,
Cria-nos o desespero...

 E porque falas-te tu com Deus!?...
 
A tragédia,
Uma subjectiva experiência existencial,
Numa bebedeira dos sentidos,
Emerge das ambiguidades
Simultâneas sintéticas
De uma esfera chamada Drama!...
 
do livro " pretéritos imperfeitos" 2006 de josé luis pinto

 

kangosta vellha. existir

 
 


Existir

 
 
Os teus lindos olhos de azul veloz brilham na escuridão imensa;
Quem pensas ser!?...
Quem desejas tu?... O que Sonhas ter?
Que animal és tu?



Lança-te sobre a verdadeira chama,
dança sobre o precipício e lança-te no abismo de Volcano.
Do outro lado do espelho
A fisionomia simétrica,
Fútil,
Confusa,
Gémea...
Um sinal claro
De alimento e abrigo.
São as regras Universais,
Combinações culturais
Que nos regem socialmente.
Estruturas da linguagem
Inconscientemente nos comunicam
Um novo paradigma etnocêntrico.
O irrepresentável da nossa vida pessoal
É-nos colocado à prova  “ day after day “,
O sentido mais oculto da nossa vida íntima,
Transforma-se numa tragédia violenta,
Força abstracta da condição Humana.
 
do livro " pretéritos imperfeitos" 2006 de josé luis pinto
 
 

kangosta vellha. old ways



FOR SALE PARA VENDA
TITLE: OLD WAYS
OIL ON WOOD 37,5X57CM 2005


 
 
old ways é um quadro á boa maneira de van gogh sobre um tema western, uma pintura interessante. para venda contacte: jlpinto65@gmail.com, ou pelo telefone: 965244836
 
 

kangosta vellha. cávado's river



FOR SALE PARA VENDA
TITLE: CÁVADO'S RIVER
ACRYLIC ON CANVAS 60X40CM 2008


 
cávado´s river, é uma pequena tela abstracta sobre o nosso querido rio cávado.
para venda contactar: jlpinto65@gmail.com, ou pelo telefone: 965244836.
 
 

kangosta vellha. cinema paraíso

 
 




Cinema Paraíso

 
Faria bem a um homem ser uma árvore.

 Pertencemos a uma geração fútil.
E tantos desejos!...
Expressamos os desejos;
Comer pipocas e algodão doce nas Cruzes,
Irmos ao cinema de mão dada com a promessa de um beijo,
Os lugares comuns, humanos...
O Trinitá, o Django, o Hércules, o Tarzan...
 
do livro" pretéritos imperfeitos" 2006 de josé luis pinto
 
 

kangosta vellha. concilium



FOR SALE PARA VENDA
TITLE: CONCILIUM
OIL ON CANVAS 30X40CM 2008


 
 
concilium é uma pequena tela exorcitante de pequenos fantasmas literários; voltaire, shakespear, dante, goethe, enfim uma dôr de cabeça...Para venda contacte: jlpinto65@gmail.com, ou pelo telefone: 965244836.
 
 

kangosta vellha. as nossas certezas

 
 




As Nossas Certezas
 

 Guttemberg, nesse dia com dores de cabeça não foi trabalhar,
Em todas as oficinas nem chumbo ou papel foi transformado,
Não ouve jornal pela manhã...

 
Reais somos nós neste tempo que se aproxima!...,
Quando a semente é gasta,
Lançada por sobre a terra,
A trovoada é breve a chuva é abundante.
Num concerto invisível de verdades
A Tela anoitece,
Quando o artista cria um quadro
No lugar de todas as verdades
Da ciência azul;
O único inventor de verdades
Autentifica a paisagem
Procurando o tempo,
Ultrapassando...
 
do livro "pretéritos imperfeitos" 2006 de josé luis pinto



 

kangosta vellha. trying to capture I



FOR SALE PARA VENDA
TITLE: TRYING TO CAPTURE I
ACRYLIC ON CANVAS 40X40CM 2008
 
 
 
 trying to capture I, é uma tela impressionante na sua técnica inovadora, inspirada na forma do grande pintor kandinsky, expande-se de forma expressiva na trajectória da suavidade da cor em planos e profundidades criativas. para venda contactar: jlpinto65@gmail.com, ou pelo telefone: 965244836
 
 

kangosta vellha. aos gatos

 
 





Aos Gatos

 

 Gostaria de ser árabe
Para amar os gatos,
Em vez de pertencer à sociedade
Protectora dos animais,
E dos cães em particular.
Amar os gatos,
Pontapear os cães...
Detestamos os cães e sua obediência;
Estadia breve na cultura árabe:
- Amar os gatos!...
-  Um Gato é um gato!?...
Espírito contemplativo
No seu pensamento profundo
E indecifrável pela Lua,
Um gato jamais se confessará...
Dizes tu: “ – O melhor amigo do Homem !...“
Contrariamente à mulher
O companheiro fiel,
A valência contrária,
A existência secundária.
E dizes novamente: “- És um cão...,
Vives que nem um cão...,
Faz um tempo de cão...,
Não és de linhagem...,
És rafeiro...”
“ – Falas bem!...
Jamais a investigação humana
Poderá desvendar!...”
“ – Nunca vimos um cão em meditação,
mas um gato em profunda meditação?!...”.

Fevereiro se aproxima...
 
do livro "pretéritos imperfeitos" 2006 de josé luis pinto
 
 

kangosta vellha. balcony's lisbon



FOR SALE PARA VENDA
TITLE: BALCONY'S LISBON
TÉC. MIST. 32X40,5CM 2006
 
 
 
 
 
 balcony's Lisbon, é um dos quadros mais revolucionários da minha autoria. pela sua extravagância em cor, a técnica criativa e a procura de um traço simples mas comprometedor. para venda contacte: jlpinto65@gmail.com, ou pelo telefone: 965244836.
 
 
 

kangosta vellha. victims

 
 




Victims
 
 
 
 Luzes,
No palco a vida começa...
Na manhã calma o fantoche acorda, se levanta,
Lava a cara e se barbeia.
Observações no telescópio celeste
Indicam pela cara da vítima,
Umas manchas solares sob o after-shave.

 II

 Através da névoa ouvem-se murmúrios;
O sol reflecte com raios fulgurantes agora a alegre madrugada,
Ensombrando as profundezas.
Entre a dicotomia dos sentidos e da razão
Do sonho e da realidade,
Uma incomensurável  indiferença pela vida...
 
do livro "pretéritos imperfeitos" 2006 de josé luis pinto

kangosta vellha. trying to capture II



FOR SALE PARA VENDA
TITLE: TRYING TO CAPTURE II
ACRYLIC ON CANVAS 40X40CM 2008
 
 
 
 
" trying to capture, é uma tela muito bela pela sua dinámica de cor. criada de forma aleatória, acaba por se tornar uma obra apreensivel. " para venda contactar: jlpinto65@gmail.com ou pelo telefone: 965244836 
 
                                                                                         

kangosta vellha. moonmadness

 
 




Moonmadness



I
 
Dá beijos por mim
Sobre as pedras da calçada...
Desdobra as toalhas do esquecimento
Que eternizam esta parede.
Somente em perspectiva cósmica
Nos debruçamos na fuga destes pontos
Que nos unem.
Ficas só e só eternizas o movimento
Da fuga que dispara.
São os teus olhos sempre que nos dizem...
Quando estamos prontos.

II

Pantomina infantil;
Pedófilia animal.
Os vesgos mentais
Desassociados  da verdade;
Que vivem em televisões,
Se perdem no sono...
Um teclado em sobressalto,
Por entre memórias “Stein”
Bachianas ou lentas valsas de Kasparov;
Um Xadrez sintonizado em ondas hertezianas,
nos segreda vícios
De retratos em revista
Cheirando a ananases frescos.
Tudo é Frustação, irreal, fantasmagórico.

III

Fazer esta passagem por aqui...
Algures algo espera por nós;
Entre o tudo e o nada
Esquecemos o dia de ontem.
Como um sonho frustado
De mais sonhar e sonhar,
No Pesadelo dos “Ficheiros Secretos”,
Na Teatrealidade 
De um programa desportivo
Onde o Palhaço Reina
E nos distrai das promessas
De um governo como tantos outros
Fantoches da obrigação.

IV

Aqui desesperas...
Fumando o cigarro
Que te atraiçoa,
Neste recanto lento das horas ocas
Por dentro e fora.
Aqueles Mares de casca de noz
Que a história nos conta,
Em vagas com imagens de pesadelo,
Essas mesmas memórias
Que ritualizamos e fugimos,
Como em sonhos;
Alguém nos persegue
Mas nunca desvendamos o mistério.

V
 
 Nos desertos é que somos...,
verdade e mentira,
Nus,
Unidos,
Lutamos contra incertezas
Que se espalham.
É lá que os Poetas renascem
Entre a poeira,
O ar quente,
As tempestades...
Nos desertos os Filósofos
Aspiram a subir mais alto...
Felizes somos por nada sermos.
Pelos desertos é que vamos ao encontro...
E fazemos vãs travessias
Por vezes,
Na procura do que já encontramos há muito.
Mas continuamos,
Porque sabemos que o prazer
Está na viagem.

VI

Em criança me lembro ainda;
“– Mãe dá-me a Lua !!!.
-   Ela é tão bela !!!... “.
E era assim a beleza
Escrita num raio azul de Lua
Numa noite que era dia.
A grandeza do luar
Na tez de uma criança que descobria sonhos.
Cavaleiros azuis
Com suas capas negras
Esvoaçando em farrapos,
Montados em cavalos cinza
Desenhavam no céu
Todo o mistério da noite
Por entre os olhos de uma criança.

 VII

 Mas é dentro de nós
que vive aquilo
Que não podemos subtrair...
A soma fantástica de nada possuir.
Ficamos reduzidos
À  significância da Guerra, da Fome, da Peste.
Deram-nos tempo para o mistério,
Fizeram-nos compreendê-lo,
Esgota-se o tempo.
Time Out (Game Over...).
 
do livro "pretéritos imperfeitos" 2006, josé luis pinto