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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

kangosta vellha. moonmadness

 
 




Moonmadness



I
 
Dá beijos por mim
Sobre as pedras da calçada...
Desdobra as toalhas do esquecimento
Que eternizam esta parede.
Somente em perspectiva cósmica
Nos debruçamos na fuga destes pontos
Que nos unem.
Ficas só e só eternizas o movimento
Da fuga que dispara.
São os teus olhos sempre que nos dizem...
Quando estamos prontos.

II

Pantomina infantil;
Pedófilia animal.
Os vesgos mentais
Desassociados  da verdade;
Que vivem em televisões,
Se perdem no sono...
Um teclado em sobressalto,
Por entre memórias “Stein”
Bachianas ou lentas valsas de Kasparov;
Um Xadrez sintonizado em ondas hertezianas,
nos segreda vícios
De retratos em revista
Cheirando a ananases frescos.
Tudo é Frustação, irreal, fantasmagórico.

III

Fazer esta passagem por aqui...
Algures algo espera por nós;
Entre o tudo e o nada
Esquecemos o dia de ontem.
Como um sonho frustado
De mais sonhar e sonhar,
No Pesadelo dos “Ficheiros Secretos”,
Na Teatrealidade 
De um programa desportivo
Onde o Palhaço Reina
E nos distrai das promessas
De um governo como tantos outros
Fantoches da obrigação.

IV

Aqui desesperas...
Fumando o cigarro
Que te atraiçoa,
Neste recanto lento das horas ocas
Por dentro e fora.
Aqueles Mares de casca de noz
Que a história nos conta,
Em vagas com imagens de pesadelo,
Essas mesmas memórias
Que ritualizamos e fugimos,
Como em sonhos;
Alguém nos persegue
Mas nunca desvendamos o mistério.

V
 
 Nos desertos é que somos...,
verdade e mentira,
Nus,
Unidos,
Lutamos contra incertezas
Que se espalham.
É lá que os Poetas renascem
Entre a poeira,
O ar quente,
As tempestades...
Nos desertos os Filósofos
Aspiram a subir mais alto...
Felizes somos por nada sermos.
Pelos desertos é que vamos ao encontro...
E fazemos vãs travessias
Por vezes,
Na procura do que já encontramos há muito.
Mas continuamos,
Porque sabemos que o prazer
Está na viagem.

VI

Em criança me lembro ainda;
“– Mãe dá-me a Lua !!!.
-   Ela é tão bela !!!... “.
E era assim a beleza
Escrita num raio azul de Lua
Numa noite que era dia.
A grandeza do luar
Na tez de uma criança que descobria sonhos.
Cavaleiros azuis
Com suas capas negras
Esvoaçando em farrapos,
Montados em cavalos cinza
Desenhavam no céu
Todo o mistério da noite
Por entre os olhos de uma criança.

 VII

 Mas é dentro de nós
que vive aquilo
Que não podemos subtrair...
A soma fantástica de nada possuir.
Ficamos reduzidos
À  significância da Guerra, da Fome, da Peste.
Deram-nos tempo para o mistério,
Fizeram-nos compreendê-lo,
Esgota-se o tempo.
Time Out (Game Over...).
 
do livro "pretéritos imperfeitos" 2006, josé luis pinto

 

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