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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

kangosta vellha. vida, poema




Vida

Parada, imóvel, ali estava defronte da sua imagem.
Seu rosto sereno e meigo escondia um olhar profundo.

Os seus olhos dois parafusos disparavam setas de medo
ante o olhar simétrico do espelho.

Assustada perante a morte, que seria o seu futuro...!?
Um passado triste e insólito atravessava-lhe a alma
como uma parede gélida de vidro.

Na rua o tempo não parava, porém
duas nuvens abriam agora um céu claro sobre a cidade,
deixava réstias de um ar pesado de chumbo amarelo e gasto para trás.

As folhas das árvores regressavam ao verde original,
as flores se abriam desabrochando novamente.

Perante o olhar de um pequeno rapazote
entretido lançando pequenas pedras sobre um charco de água,
um pássaro sacudia lentamente a asa se espreguiçando sobre um beiral.

No quarto um raio intenso de luz penetrou por entre as grandes cortinas
projetando por sobre o soalho velho e gasto
Uma imensa claridade etèrea transfigurando o aposento
atravessou-o e transpareceu em milagre no seu rosto.

                                                                                                    19/12/12 josé luis pinto