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sábado, 22 de dezembro de 2012

kangosta vellha. acusam-nos (querem-nos mesquinhos)

 
 




Acusam-nos (Querem-nos Mesquinhos)


 Sim fomos nós
Que mais uma vez
Subtraímos à memória
A razão de pedra
E mudamos os valores a todas as coisas.
Foste tu a causa;
O motivo-totem do vício,
Que me denuncias-te
Aos poetas das casas verdes
Que era eu durante a noite
O mais desgraçado dos sagrados-desgraçados.
Fazia a feitiçaria nas janelas bestiais
Para não poder ler
Entre as dezanove e as vinte e uma
As imagens quebradas
Que o fabuloso dinossauro
Representava no tempo.
Fica o azulejo gasto de tanto penar
A tinta no rebordo paralisada
De medo caústico-azul.


Não temos filhos
Tenros de idade
Não temos homens feitos:
Carne desvalorizada
Valores em crise
Apenas valores em crise.
Mas temos consciência fértil
( Openfield ) de campos maduros
De seara fresca
Dos anos que já passaram
E nada nos diz mais que outros
Nos transmitiram a nós.
Estamos ficando um pouco desgastados e mórbidos
Com tanta poeira
Que se vai entranhando
Pelos ouvidos-bocas-narizes
Da porcaria destas cabeças
Notícias ocas do porvir.


Ajudai-nos,
A esquecer
A saber pintar paisagens
Tu que ouves o vento
E sentes a mão de Deus amiga
Ensinai-nos o caminho a não tombar.


do livro "pretéritos imperfeitos" 2006 josé luis pinto
 
 

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