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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Kangosta Vellha. Aberração da vida



 

PowerMax 2001


 

(O meu desespero gera uma nova vida)

                                                                          Shakespeare


 

É dentro de nós que a tristeza nos fere,
A raiva nos mata.
O manto da noite nos cobre em retalhos;
Pobre de ti Adão lá atrás esquecido na memória.
Improvisamos apenas alguns divertimentos
No decorrer de séculos,
E exprimimos uma metamorfose
Que o mundo não cessa de ressuscitar.
A fé é uma procissão que ecoa nos vãos de escada...
Da história vertemos o sangue;
Vermelho, espesso e quente.
Sacudidos entre rosas,
Na charneca ficamos plantados.
Sopra o vento norte,
Sopra a ingratidão,
Sopra o mistério, a treva.
Um corvo enfeitado com as nossas penas...
Espantalhos somos todos na noite!...
Fizeram-nos estilhaçados,
Pendentes de matéria prima.
É do visgo dos nossos intestinos
Que fazemos
Acalmar este tédio.
Chora dentro da tristeza a própria ferida
Que destrói,
A carne de raiva e nervos.
É necessário renunciar aos erros,
Á identidade dos Símbolos,
Ao medo dos répteis,
Á linguagem do vento,
Ao erro da loucura e suas ervas daninhas,
Ou aos frutos do amor perverso.
Recuperemos a liberdade cósmica
E a cópula da salvação.
Morrer na carne da criação
O dilema deste drama Universal;
O regresso à consumação dos tempos e ao Teatro de Deus...
A metade gémea desta Maçã.
É dentro de nós que a história conta

                                               Poema do Livro "Pretéritos imperfeitos" 2006 do autor




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