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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

kangosta vellha. ªceD.ªrte

 
 



ªceD.ªrte


O drama rupestre da caça, da guerra e da morte,
Atravessa-nos na alma como uma antecâmara da Arte.
Linhas  rudes e ferozes
Em deformações rochosas de cor.
Migalha-se a cor; pigmentos puros.
O cheiro nauseabundo das entranhas da terra,
Fezes, carvão, óleos e ácidos,
Sulfurosas poções e enxofres
Misturam-se no ar petrificado do interior de grutas
Profundas nos anais do inicio dos tempos.
A Arte antiga produz o espírito ancestral.

...

 Hoje sinto-me neolítico...
Sem regras, sem restrições,
Sem composição para criar,
Sem arquitectura.
Como um agricultor sem arado,
Sem adubo para semear ou água para dar de beber.
Vou erguer um valado e delimitar
A minha forma á minha existência,
Os meus terrenos ao meu ser.
É necessário impor limites,
Proporções e dimensões,
Uma construção sólida,
Uma Casa,
Um Templo.
...

Egipto;
Um quadro, um Império...
A ordenação simétrica, a composição colossal;
A arquitectura dos Anjos e Deuses Universais.
A visão de glória, o poder absoluto...
O Deus-Faraó,
O Deus-Nilo.
...

Penso na Grécia Antiga...
E saltam-me lágrimas aos olhos de um saber mais antigo
Que me cai na alma em espiral...
Aspiração ancestral;
Atingimos frontalmente a realidade do pensamento objectivo,
Chegámos à maturidade da nossa civilização,
Do Cidadão político e da Liberdade.
Os gregos criaram a essência mais pura e a invenção mais clara da humanidade...
O Grego é o escultor da Civilização,
O arquitecto das pormenorizadas absolutas simetrias.
Além tempo, além mar, a sensação da profundidade do espaço
Na representação figurativa do corpo e da alma,
O cânon da proporcionalidade humana.

                                                                                     do livro "pretéritos imperfeitos" 2006 do autor

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